"É da natureza do Poder Legislativo assegurar aos parlamentares o sagrado direito de falar a baboseira que bem entenderem para justificar suas posturas, por mais injustificáveis que sejam. Mas algum nível de verossimilhança, no mínimo, há de se desejar que tais argumentos mantenham. Na quinta-feira, a Assembleia Legislativa mandou para o arquivo requerimentos do deputado estadual Roberto Mesquita (PV). Ele desejava obter informações do Banco Central (BC) sobre as empresas credenciadas pela Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag) do Ceará para operar com o crédito consignado para servidores do Estado. A concessão de tais empréstimos é alvo de suspeitas, envolvendo familiares do secretário-chefe da Casa Civil, Arialdo Pinho. O discurso governista para rejeitar os requerimentos apelou a aparente formalismo. A base aliada justificou o voto dizendo que a Assembleia não teria prerrogativa de pedir informações ao BC, dada a natureza federal do banco. Conversa fiada pura e simples. Só neste ano, a Assembleia já aprovou requerimentos de informações dirigidos a Ministério dos Portos, Ministério da Pesca, Dnocs, Petrobras, Ibama, Infraero, Secretaria de Aviação Civil, além de vários requerimentos ao Dnit, e outros tantos à Caixa Econômica Federal. Na própria quinta-feira, foi aprovado requerimento do delegado Cavalcante (PDT), pedindo providências à Polícia Civil do Mato Grosso em relação a morte de cearense. Ora, se a União, da qual todos os estados são parte, supostamente não teria de dar satisfação à Assembleia cearense, que dirá o órgão de outra unidade federativa. A realidade é que os deputados dizem a primeira bobagem que lhes vem à mente para justificar a blindagem contra as denúncias e questionamentos ao Executivo".
Nota da Coluna Política do jornal O POVO de 05 de novembro de 2011.
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