sexta-feira, 16 de março de 2012

Protesto contra aliados de Dilma

Diário do Nordeste, 16 de março de 2012.

O deputado Roberto Mesquita (PV) declarou, ontem, durante discurso na Assembleia Legislativa, total apoio ao Governo da presidente Dilma Rousseff. Ele se solidarizou com a presidente da República, devido aos últimos episódios ocorridos em Brasília, no Senado. Quarta-feria, dia 14, o PR rompeu com o Governo alegando estar insatisfeito com o tratamento recebido.

"Vimos o PR deixar o Governo porque a presidente não deu um naco do Governo, ou seja, um ministério. Será que é justo isso que está acontecendo numa época de transformação?", questionou o parlamentar. O PR, embora tenha um dos seus filiados à frente do Ministério dos Transportes, desde a queda de Alfredo Nascimento, mas não está satisfeito, alegando que o filiado não foi indicado pela agremiação.

O PR não é o primeiro partido aliado a reclamar mais atenção do Governo de Dilma Rousseff. No início do mês, mais de 50 deputados federais do PMDB entregaram ao vice-presidente do País, Michel Temer, um manifesto reclamando da relação do Governo Federal com as bases e de "tratamento injusto" e "desigual", dizia o documento.

Cargos

Na avaliação do parlamentar, é tempo de parar e pensar se esse modelo político vigente está atendendo ao povo. Ele se referiu às alianças feitas em torno de um governo que, para mantê-las, é preciso distribuir cargos. "Será que é justo o governante dividir o poder até com quem não confia? Será que ela (Dilma Rousseff) não poderia libertar a população desse modelo corruptor, que precisa ser mudado?" perguntou.

O deputado espera que a presidente não se intimide com esse tipo de atitude, que considera ser uma forma clara de chantagem. Ele analisa que Dilma Rousseff vem fazendo mudanças na máquina pública e conta com o apoio irrestrito da população, talvez por isso, considera, ela venha obtendo um nível de aceitação popular até maior do que o ex-presidente Lula conseguiu, que, ao seu ver, foi um "ícone da popularidade".

"Dilma, não se intimide com o que está acontecendo no Congresso Nacional. Você está coberta com o manto sagrado do apoio do povo", declarou Mesquita, considerando que aliança não pode servir de escravidão. "Que ela exista em cima de propósitos e programas de governo", defendeu.

Roberto Mesquita avaliou ainda que esse momento político merece profunda discussão. No seu entendimento, ao fazerem chantagem, os partidos acabam afirmando que a aliança é simplesmente fisiológica e não tem como objetivo os interesses da população.

Eleitoreiros

Ele deu como exemplo o caso do Ceará. Governador e prefeita unidos em torno de uma aliança que julga ter apenas interesses eleitoreiros. Isso ficou claro, reflete, quando a prefeita disse que o PT passará a fazer oposição ao governador caso ele não venha a apoio o nome indicado pelo PT, para concorrer à Prefeitura de Fortaleza.

O deputado Antônio Carlos (PT), líder do Governo na Assembleia, rebateu a crítica. Ele disse que reiteradas vezes já deixou claro que a aliança entre PSB e PT não é feita ao sabor de interesses pragmáticos, nem eleitoreiros. Ele argumenta que essa união está sendo responsável por grandes modificações que vem ocorrendo na Capital e no Estado. "Escolas de qualidade, melhoria de vida dos agricultores, entre outras ações. Isso é fruto de parcerias sólidas", disse.

O deputado acredita ter se tornado rotineiro na Assembleia o debate eleitoral. Ele disse ser normal que esse tipo de discussão seja feita no Legislativo, já que é uma Casa política, e que acharia estranho se a eleição fosse um tema descartado do plenário, porém considera que tal pauta está sendo debatida "além da conta", observando que os grandes temas do Estado não podem ficar de fora da tribuna.

A aliança entre o PT e o PSB, em Fortaleza, vez por outra tem recebido críticas na Assembleia Legislativa, principalmente de deputados ligados à oposição, tendo em vista as discussões que estão ocorrendo, agora, sobre a sucessão municipal e as várias manifestações de integrantes tanto de um quanto da outra agremiação.

Nos últimos dias, foi Carlomano Marques quem fez críticas à aliança com a prefeita, mas tratando da relação com o seu partido, o PMDB. Ele, como alguns dos vereadores da legenda, não querem que a sigla continue aliada de Luizianne e aproveita para reclamar da administração e do próprio partido da prefeita, o PT.

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